11 de setembro de 2008

BOLETIM 02

PDI, UM PROJETO PRA QUEM?

Este ano a reitoria da UNESP lançou o Plano Decenal de Desenvolvimento Institucional da Unesp (PDI). Dentre muitas coisas, com esse plano avançamos nas catracas, câmeras, terceirização e retirada de direitos dos trabalhadores, parcerias privadas e incubadoras, e principalmente no ensino à distância (EaD). Para avançar na privatização, os ataques vêm combinados com pequenas concessões: voltado aos setores mais pobres da população (que não estão aqui dentro e nem estarão, pois serão formados por um computador!), a reitoria apresenta-se como democrática para a população, ampliando o número de vagas (virtuais!).
“Coincidentemente”, no mesmo momento em que tenta implementar um plano que propõe o EaD, a Unesp lança em parceria com a Secretaria de Ensino Superior (aquela, criada por Decreto em 2007) a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e já oferece 5.000 vagas para um curso de pedagogia à distância, com duração de três anos e com diploma assinado pela UNESP. O que escondem desses jovens é que nunca terão acesso aos cursos “reais” da UNESP. Na Univesp nenhuma sala será construída, nenhum professor contratado, nenhum livro comprado, e já querem que as aulas comecem em setembro!
Que aumentem 5.000 vagas, sim (e muito mais, já que isso é ínimo frente as necessidades da juventude da periferia), mas vagas de verdade e com o dinheiro dos lucros dos banqueiros e dos altos salários dos burocratas! Somente a luta dos estudantes da Unesp, contando com o apoio daqueles que não podem estar aqui dentro poderá barrar esse projeto de reforma universitária e construir um outro projeto de universidade.

EM QUE MUNDO VIVEMOS?!

Nos últimos anos, o processo de transformação das universidades brasileiras tem se intensiicado. Na verdade, esse fenômeno ocorre no mundo inteiro, relexo do avanço das políticas neoliberais e da crise do modo de produção atual. A Universidade passa pelas mesmas mudanças cotidianas que visam dar mais fôlego para o capitalismo, que dia-a-dia, com tantas mortes no Haiti e favelas brasileiras, famintos na África e destruições no Iraque, mostra seu esgotamento.

UNIVERSIDADE, UM PROJETO RENTÁVEL

O ensino superior tem uma importância essencial para o capital atualmente, que extrapola as fronteiras nacionais, por formar os principais técnicos do mercado, os cientistas das grandes empresas, os marqueteiros dos corruptos e os intelectuais ligados aos grandes empresários, ao invés de produzir conhecimento para as necessidades dos trabalhadores para o avanço pleno da humanidade. É por isso que instituições internacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BM (Banco Mundial) traçam desde o início da década de 90 perspectivas e diretrizes para o ensino superior do mundo inteiro. Logicamente, essas diretrizes são traçadas em conjunto com os governos, empresários e com os burocratas acadêmicos (intelectuais, reitores, diretores e professores com os mais altos salários e os mais favorecidos pela entrega das universidades à lógica do mercado).

ÚLTIMOS ANOS:
DIFERENTES RESPOSTAS PARA O MESMO PROJETO

Entendendo o caráter de classe e global que têm as mudanças no ensino superior, qualquer análise do PDI deve partir dos elementos colocados anteriormente. Não podemos enxergá-lo enquanto um projeto estadual desligado da política nacional. O governo Lula, que atende diretamente aos interesses dos grandes empresários nacionais e internacionais (como vem demonstrando nos seus 2 mandatos), apenas deu seqüência às políticas neoliberais para a educação em nosso país, iniciadas principalmente com a expansão das privadas durante o governo FHC. O PROUNI, a expansão da UNESP em 2003, o REUNI e os decretos de Serra, o PDE (Plano de Desenvolvimento para a Educação) e a agora o PDI e a UNIVESP são partes de um mesmo projeto, com diferentes respostas regionais.
Para alcançar o objetivo de tornar a universidade mais um braço da mercantilização da vida, os governos contam com dois agentes importantes: a CUT e a UNE, que ao não colocar sua estrutura a serviço da luta, não unificando os trabalhadores e estudantes pelo acesso ao ensino de qualidade em todos os níveis, não lutando pela estatização das particulares para que se garanta o direito elementar de acesso à educação para a juventude trabalhadora e ficando imóvel frente ao vestibular, funil social que expulsa a juventude negra da periferia de adquirir o conhecimento daquilo que ela produz cotidianamente com seus punhos, as 2 entidades são também responsáveis pelo avanço desse projeto.
Além disso, um outro fator importante é a ilusão que muitos trabalhadores ainda têm em Lula. Mediante pequenas concessões, combinadas com muitos ataques (como o PROUNI, que dá algumas vagas nas particulares em troca de uma quantia monstruosa de dinheiro do governo para essas grandes corporações), as medidas avançam com apoio popular, isolando o movimento estudantil que tenta enfrenta-las.
Apesar de toda a empolgação dos estudantes brasileiros que saíram à luta no ano passado, e do despertar de muitos em 2007 é preciso ser realista: em grande parte, ou fomos derrotados ou barramos parcialmente alguns ataques. Tirar as lições desses processos para que possamos entender e começar a superar esse isolamento é chave para nossa mobilização.

CONTRA OS BUROCRATAS, COM OS TRABALHADORES!

Os estudantes das universidades públicas hoje representam 1% da população, o que mostra o caráter extremamente elitista (e também racista) de nossas universidades. É essencial para aqueles que se propõe a transformar a universidade e a sociedade lutar ao lado dos mais explorados e os que podem transformá-la, os trabalhadores e o povo pobre. Sem nos ligarmos às lutas que se desenvolvem no interior e na capital (como foi o caso dos professores, carteiros, sapateiros de Franca, terceirizados da limpeza na Unesp de Rio Claro, terceirizados da REVAP) não conseguiremos forjar uma nova tradição que supere os limites do movimento estudantil atual. A aliança operário-estudantil é chave para a nossa luta. Sem levantar demandas que respondam às necessidades da população que está fora da Universidade, continuaremos sendo isolados pela mídia burguesa do conjunto da população que enxergará em nossa luta um corporativismo elitista.

Contra o PDI e UNIVESP!
Por uma Unesp a serviço dos trabalhadores e do povo pobre de São Paulo!

Está mais do que explícito o avanço da privatização do ensino na UNESP com o PDI, com oavanço das parcerias público-privadas, das incubadoras, da terceirização e do Ensino a Distância com a criação da UNIVESP. Construir a luta contra esse projeto com todas as nossas forças é mais do que necessário! Devemos construir um outro projeto de universidade, que ao invés de atender aos interesses dos latifundiários do biodiesel e dos banqueiros da Petrobrás, sirva as necessidades dos carteiros, professores, metalúrgicos, sapateiros, funcionários da UNESP e o conjunto dos trabalhadores e do povo pobre, em que a juventude da periferia possa estudar. É ao lado dos lutadores e explorados que esse projeto deve ser construído e decidido, e isso só pode ser possível com a luta pela transformação radical da estrutura de poder da Universidade. Atualmente quem decide são os burocratas corruptos diretamente ligados aos interesses de privatização da Universidade. Que a maioria dos que compõem a Universidade decida por seus rumos! Os professores, funcionários e estudantes que lutam por uma outra universidade devem dizer enfaticamente: FORA BUROCRATAS!

ORGANIZAR A MOBILIZAÇÃO A PARTIR DAS SALAS DE AULA E LOCAIS DE TRABALHO!

CONSTRUIR UMA UNESP A SERVIÇO DOS TRABALHADORES E DO POVO POBRE EM QUE A JUVENTUDE DA PERIFERIA POSSA ESTUDAR!

TRANSFORMAR A ESTRUTURA DE PODER: QUE OS TRABALHADORES E ESTUDANTES DECIDAM OS RUMOS DA UNIVERSIDADE, JUNTO COM SINDICATOS E ORGANIZAÇÕES POPULARES!


Todo apoio aos lutadores da REVAP

Os trabalhadores terceirizados da REVAP (reinaria da Petrobrás em São José dos Campos) deram exemplo de combatividade contra a precarização. Nos 31 dias de greve, por fora do sindicato da CUT, estabeleceram assembléias e comissões democráticas que representavam a disposição de luta de mais de 10 mil trabalhadores. Os patrões foram obrigados a ceder algumas concessões, como 90 dias de estabilidade.
Porém, com o fim da greve, iniciaram-se os ataques. Começou demitindo a comissão que dirigia a greve, chegando a mais de mil demitidos. Para defender seus companheiros, os trabalhadores paralisaram as obras. A resposta foi uma brutal repressão promovida pela tropa de choque e força tática. Os trabalhadores resistiram com pedras.
No dia 01/08, eles estavam reunidos em assembléia para fundar uma Associação de Trabalhadores da Construção Civil, quando um grupo armado invadiu o local, deixando um ferido.
O DCE repudia totalmente o gangsterismo sindical e apóia incondicionalmente a luta dos trabalhadores terceirizados da REVAP. Convocamos todas as entidades e estudantes a se mobilizar, promover debates nas salas de aula e organizar uma arrecadação financeira de apoio aos lutadores da REVAP!

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