28 de março de 2008

Pela emancipação feminina!

O dia 8 de março de 1857 remete-se a data em que 130 tecelãs foram queimadas vivas dentro de uma fábrica em Nova Iorque simplesmente por questionarem seus direitos como a diferença salarial. São essas datas que nos obrigam a refletir sobre qual é o verdadeiro papel da mulher. É preciso abrir e ocupar os espaços para essas discussões, para o diálogo e quebrar as barreiras entre a universidade e a sociedade lutando pela defesa do lugar da mulher contra abusos ou qualquer tipo de violência ou assédio e toda estrutura social que nos impõem essas condições. É necessário reverter esse quadro, que ocorre diariamente, e lutar por nossa real emancipação, mas para isso precisamos reconhecer que há um problema, reconhecer que vivemos numa sociedade dividida em classes e com conceitos ultrapassados.

Essa realidade exige que não nos conformemos, pelo contrário, temos que despertar para essa realidade e combatê-la. Combater diariamente aos constantes assédios morais e sexuais, aos comentários e atitudes que ferem nosso direito de ser mulher e agir como tal. Dias como o dia 8 de março nos faz relembrar toda a história de mulheres que lutaram por seus direitos e como foram e continuam a serem tratadas pela sociedade e pelo Estado.

Infelizmente, ao mesmo tempo que os abusos morais e sexuais crescem diariamente, os espaços para denúncias diminuem na mesma proporção. As delegacias da mulher são hoje espaços quase dominados por homens, e até mesmo mulheres, atolados em conceitos burgueses que desmerecem a emancipação feminina. As discussões sobre aborto, assédio, lei Maria da Penha, assuntos sobre a questão de gênero são cada vez mais escassos e considerados de pouca importância.

É muito claro o reflexo que essa sociedade, que acabamos de descrever, projeta dentro dos muros das universidades. Vivemos numa sociedade racista, machista e homofóbica, preconceitos que são levados tanto pelos estudantes como pelos professores para as universidades. Essas acabam por refletir as contradições sociais, que ficam ainda mais gritantes com a forma de admissão dos estudantes no ensino superior, afinal o vestibular é um filtro de pobreza que torna a universidade cada vez mais elitista, racista e perpetuadora dessas cotidianas contradições.

A conclusão acima relacionada pode ser facilmente exemplificada, como por exemplo no ocorrido no ano de 2007, na UNESP campus de Franca, onde houve a denúncia por parte de estudantes do curso de relações internacionais de assédio por um professor do mesmo curso. A diretoria do campus teve uma atitude, infelizmente já esperada, que foi ausentar-se de responsabilidade ou de providenciar qualquer outra atitude. Ainda no mesmo campus, algumas estudantes, ao freqüentarem o banheiro da universidade, foram assediadas por homens que ficaram à espreita, novamente a diretoria do campus ou qualquer outra autoridade local ausentou-se de qualquer responsabilidade e nenhuma providência foi tomada.

Na cidade de Assis, o problema não é diferente. A cidade é conhecida pelo alto índice de mulheres que residem na cidade e ao mesmo tempo pelo número mínimo de leis que protegem ou defendem essas mulheres. O índice de estupro e abuso na cidade é um dos mais elevados do Estado de São Paulo e os espaços para denúncia ou para essas mulheres conversarem a respeito são mínimos. Os poucos espaços que essas mulheres possuem para denúncia ou diálogo são dominados por conceitos burgueses e comentários do tipo “provocativa” ou “merecedora”.
Assis e Franca são apenas dois exemplos de infinitas cidades que ocorrem esses problemas. Ainda pior, existem lugares que “fingem” não existir esses problemas, pois possuem um posicionamento tão machista e conservador que ainda consideram a mulher como apenas um objeto de posse do homem. Precisamos principalmente nós, mulheres, nos impor e lutar por nossa real emancipação, mas para isso precisamos reconhecer que há um problema, reconhecer que vivemos numa sociedade divida em classes e com conceitos burgueses conservadores, machistas.
Nós como mulheres e revolucionárias precisamos abrir espaços para essas discussões, para o diálogo e diminuir esse conceito burguês e machista. Precisamos quebrar as barreiras entre a universidade e a sociedade lutando pela defesa do nosso corpo, contra abusos, contra qualquer tipo de violência ou assédio e toda estrutura social que nos impõem essas condições. O número de mulheres que sofrem com esse problema é absurdo e precisamos urgentemente reverter esse quadro.



Por isso a atual gestão do DCE Helenira Rezende vem por meio deste incentivar as discussões nos campi e, para que não somente nesse dia 8 de março, mas sempre, tenhamos o maior numero de pessoas mobilizadas e conscientes nessa luta.

Anna Carolina(Botucatu) - delegada do DCE
Larissa(Franca) - representante discente no Conselho Universitário

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